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31/10/2025

Núcleo de Gênero do MPTO e Hospital Jorge Saade promovem diálogo sobre prevenção ao assédio no ambiente de trabalho

O Ministério Público do Tocantins (MPTO), por meio do Núcleo de Gênero (Nugen), e o Hospital Jorge Saade uniram forças para combater uma violência muitas vezes silenciosa: o assédio no ambiente de trabalho. Na manhã dessa segunda-feira, 27, a roda de conversa “Unidos pela Prevenção” reuniu colaboradores e gestores do hospital para um diálogo franco sobre o tema. 



A condução do evento foi da coordenadora do Nugen e promotora de Justiça, Flávia Rodrigues Cunha, que estabeleceu o tom da conversa logo no início: “O silêncio alimenta a violência. O diálogo constrói a prevenção”. Durante sua fala, a promotora, além de apresentar as definições legais, apresentou exemplos práticos que acontecem com frequência em ambientes hospitalares. 



Ela explicou a diferença entre o assédio sexual por chantagem, que é uma conduta criminosa prevista no Código Penal (art. 216-A), e o chamado “assédio sexual ambiental”, mais sutil, porém igualmente prejudicial.



“É a piada de mau gosto, o toque indesejado como uma ‘apertadinha’ na cintura, o abraço que aperta demais, o elogio que constrange, os olhares que desnudam. Muitas vezes, essas atitudes são tão naturalizadas que nem o agressor percebe a violência que causa, mas isso adoece a alma e torna o ambiente inseguro”, alertou a promotora.



Contextualização social 

Um dos pontos relevantes foi a contextualização social do assédio. A promotora apresentou dados que revelam um padrão, mostrando que a violência não ocorre de forma aleatória. “Os estudos demonstram que as maiores vítimas do assédio são as mulheres, as pessoas negras e as pessoas de baixa renda. Precisamos fazer esse recorte para entender o assédio em sua complexidade e combatê-lo de forma mais eficaz”, afirmou.



Quebrando o ciclo 

A roda de conversa também abordou um dos maiores desafios no combate ao assédio: o motivo pelo qual muitas vítimas não denunciam. Segundo a promotora, o medo da retaliação, o descrédito por parte dos colegas e a culpabilização da própria vítima são barreiras que precisam ser derrubadas.



Para encorajar a denúncia, ela deu orientações práticas. “É fundamental que a vítima documente tudo. Anotem as datas, os horários, o que foi dito. Se for possível, gravem. Tenham testemunhas. A prova é essencial para que possamos agir e proteger quem teve a coragem de falar”, orientou.



Uma das participantes da roda de conversa ressaltou que “o que importa não é a intenção do agressor, mas como a vítima se sentiu”, uma reflexão que foi endossada pela promotora e que resume a essência do debate sobre respeito e empatia.



A direção do Hospital Jorge Saade agradeceu o Núcleo de Gênero, manifestando que "a contribuição foi essencial para promover a conscientização, o diálogo e o fortalecimento de uma cultura de respeito e ética em nosso ambiente profissional". 

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