Em Porto Nacional, procurador da Operação Lava Jato convoca público a se engajar na luta contra a corrupção
Daianne Fernandes
Para um grupo de jovens em Porto Nacional, a informação é uma das grandes armas contra a corrupção. Eles compõem o movimento Juventude sem partido, e essa convicção os levou a se mobilizar para realizar, na cidade, a palestra “O impacto da Corrupção no Brasil”, com o Procurador da República Carlos Fernando dos Santos, um dos principais membros da força-tarefa da operação Lava Jato. Para os estudantes, a Operação é uma inspiração, afirmou a organizadora, Tatiele Paz.
Mas o Procurador convidado rebateu: “Não somos heróis, somos apenas servidores públicos, fazendo aquilo que somos pagos por vocês para fazer”, e com essa frase ele reforçou que a população deve evitar criar cultos a personalidades e focar em ações de combate ao problema da corrupção, parabenizando então a iniciativa dos jovens em se unirem e convocarem a sociedade para o debate sobre a corrupção.
O evento gratuito e aberto ao público em geral foi realizado nesta terça-feira, 6, com sala cheia e elogiado pelos presentes. Para o Promotor de Justiça Vinícius de Oliveira, que representou o Ministério Público Estadual (MPE), a realização da palestra revela que a base da sociedade quer o combate à corrupção, quer um país diferente e melhor. “Um Brasil que tenha realmente bons serviços públicos, que é onde nós sabemos que a corrupção mais drena recursos”, disse.
E foi justamente a forma como a corrupção desvia esses recursos, vitimizando a todos, um dos pontos mais debatidos da palestra com o Procurador da República Carlos Fernando, que apontou como a Operação Lava Jato mostrou esses desvios. “Desvios que muitos partidos e políticos insistem em chamar de Caixa 1 ou caixa 2, mas esquecem de que, se houver troca de favores, é corrupção” enfatizou.
O Procurador relatou ainda como o projeto “10 Medidas contra a Corrupção” foi tratado no Congresso Nacional, com modificações que engessaram seu objetivo inicial e destacou o que ele chamou de “proposta de intimidação de juízes e procuradores” aprovada pelos parlamentares no início do mês.
Carlos Fernando ainda convidou os presentes a conhecerem os nomes dos deputados tocantinense que aprovaram as mudanças e convocou todos para que lutem a favor de uma reforma no sistema politico brasileiro. “Para que tantos partidos? Que política, que interesses eles defendem?” questionou.
Respondendo às perguntas da plateia, também falou de como o sistema penal brasileiro não penaliza os crimes de colarinho branco. Afirmou ainda que não apoia movimentos pró-intervenção militar. Para ele, a democracia ainda é o melhor caminho a seguir. “Ainda acredito na República, na coisa pública. O que precisamos é selecionar melhor os nossos políticos”, disse, lembrando que a democracia tem um valor essencial que a ditadura não tem: a possibilidade de tirar as pessoas do poder de tempos em tempos.
O evento teve o apoio do MPE e de outras instituições públicas e privadas locais.